O Restaurant Week surgiu há 20 anos em Nova York e já percorreu mais de cem cidades. O evento surgiu com a ideia de divulgar e democratizar a alta gastronomia e o trabalho de chefs locais, além do marketing de "responsabilidade social" ao estimular a contribuição de R$ 1,00 em cada refeição para diversas ONGs. A iniciativa recebeu adesão de cidades brasileiras a partir de 2007 e hoje conta com a participação de 9 capitais: Belo Horizonte, Brasília, Curitiba, Vitória, Goiânia, Porto Alegre, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo.
A edição do primeiro semestre de 2012 em Belo Horizonte ocorreu entre os dias 06 e 19 de fevereiro e ofereceu menus fixos (entrada, prato principal e sobremesa a R$ 31,90 no almoço e R$ 43,90 no jantar) em 58 restaurantes da cidade e arredores.
A ideia de um evento dessa proporção é sensacional, pois normalmente paga-se pouco por refeições que (às vezes) valem muito mais. Além disso, é a chance de visitar casas pouco conhecidas ou experimentar aquele restaurante quer já estava na lista de visitas há mais tempo. Porém, a semana gastronômica apresenta alguns problemas evitáveis, outros nem tanto.
Um dos grandes erros cometidos por alguns donos de restaurante é não entender que o RW serve para cativar clientes novos, não para o lucro imediato. O sucesso do evento normalmente é contabilizado pelo número de pratos servidos. Porém, o aumento no movimento não quer dizer exatamente um êxito se o cliente sai sem vontade de voltar.
Grande parte das reclamações são sobre o atendimento e a estrutura. Não chegam a acontecer as atrocidades cometidas em nome da suposta popularização por meio das compras coletivas, mas fica claro que nem sempre as casas estão preparadas para a demanda. Filas enormes em restaurantes que não aceitam reserva, equipe sobrecarregada e despreparada para atender em grande volume, mesas em áreas improvisadas que nunca são usadas normalmente.
A reputação de uma casa bem cotada pode ir por água abaixo em função da desorganização da brigada, com enorme latência entre os pratos e esgotamento de uma das opções de sobremesa do menu antes mesmo do fim do festival. Além disso, o descuido dos garçons em não perguntar o ponto de preferência da carne, nem explicar de modo cuidadoso do que se trata cada prato certamente pode afugentar boa parte da clientela interessada neste tipo de gastronomia.
O Restaurant Week é um desafio bacana, mas pode manchar a qualidade de um serviço normalmente impecável. A participação só vale a pena se a equipe estiver muito bem preparada. Alguns restaurantes excelentes parecem ter notado tal limitação (que de forma alguma pode ser considerada um erro) e simplesmente não participam do evento.
Outro risco grande: a necessidade de montar um cardápio criativo, cativante e chamativo aos novos e antigos clientes com um menor valor pode resultar no oferecimento de pratos monótonos e muito aquém da capacidade normal do chef. Pode ser bem decepcionante comparar o cardápio usual das casas em comparação ao menu do RW. Durante a semana gastronômica, é bastante comum serem oferecidos pratos insonsos que tentam sustentar-se apenas no suposto "exotismo" da receita e ingredientes.
Para simplesmente manter a reputação ou cativar novos clientes, os restaurantes participantes têm que dar provas de criatividade e agilidade em lotação pouco comum às casas, com clientes com hábitos e exigências diferentes. Muitos acertam de forma magistral, como é o caso do Hermengarda e do OAK (publicaremos resenhas em breve). Mas, de modo geral, fica a sensação de que não é o melhor momento para apurar a qualidade dos restaurantes ou a estrutura das casas participantes.
Por fim, ficamos nos questionando se o objetivo do Restaurant Week é realmente divulgar a alta gastronomia ou apenas agregar casas aleatórias que forçosamente tentam (sem conseguir!) adequar-se a este critério em detrimento da qualidade.
sábado, 25 de fevereiro de 2012
quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012
Coquinaria – Santiago, Chile
O Coquinaria abriu no final de 2009 com a ideia de oferecer experiências sensoriais e resgatar a importância da alimentação como forma de integração social. O nome da casa remete a uma das obras primas da gastronomia mundial, escrita no século I d.c. pelo romano Marco Gavio Apicio, De re Coquinaria.
É basicamente um empório gourmet com restaurante, absolutamente charmoso e escondido no subsolo de uma das filiais do Juan Valdez em um bairro chique de Santiago.
Dá para almoçar, jantar, tomar só um café ou torrar o cartão de crédito na infinidade de produtos como sais e molhos de todas as partes do mundo, queijos imensos, chocolates, azeites, vinhos, geleias...
Já tornou-se clichê entre os amantes da gastronomia o desejo de morar entre os produtos orgânicos, importados, exóticos e caríssimos da Coquinaria.
Hambúrguer de Waygu (carne kobe) com foie gras ao molho de vinho tinto e cogumelos.
Concha y Toro Terrunyo Carmenère 2005.
Trilogia Crème Brulée
Pistache, maracujá e café.
Anota aí:
Coquinaria
Isidora Goyenechea, 3000, Subsolo, Las Condes
Santiago, Chile
É basicamente um empório gourmet com restaurante, absolutamente charmoso e escondido no subsolo de uma das filiais do Juan Valdez em um bairro chique de Santiago.
Dá para almoçar, jantar, tomar só um café ou torrar o cartão de crédito na infinidade de produtos como sais e molhos de todas as partes do mundo, queijos imensos, chocolates, azeites, vinhos, geleias...
Já tornou-se clichê entre os amantes da gastronomia o desejo de morar entre os produtos orgânicos, importados, exóticos e caríssimos da Coquinaria.
Hambúrguer de Waygu (carne kobe) com foie gras ao molho de vinho tinto e cogumelos.
Concha y Toro Terrunyo Carmenère 2005.
Trilogia Crème Brulée
Pistache, maracujá e café.
Anota aí:
Coquinaria
Isidora Goyenechea, 3000, Subsolo, Las Condes
Santiago, Chile
segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012
Sur Patagónico – Santiago, Chile
O Lastarria é um dos bairros mais visitados de Santiago. Por ser uma região universitária, é bem fácil de chegar, seja de metrô ou de ônibus. Prepare-se para artistas de rua tocando blues, feira de antiguidades e livros, estudantes em trajes folclóricos dançando ao som de batuques desconexos e flautas.
Com calma, é possível descobrir charmosas ruelas e praças ocultas, prédios revitalizados e galerias de arte modernosas.
É nesse bairro que fica uma espécie de mercadinho antigo com móveis de madeira e objetos que vão desde balanças envelhecidas e vidros de compotas a garrafas de vinho, latinhas de fermento e cereal. Lá dentro, um restaurante bem aconchegante com luz baixa, no qual a parrilla é o grande destaque. São servidas cervejas artesanais, vinhos produzidos na casa e uma enorme variedade carnes exóticas como javali, veado e cervo.
Parrillada Patagónica
Cortes de javali, veado, carneiro e salsicha de cervo com legumes grelhados e salada.
Anota aí:
Sur Patagónico
Calle José Victorino, 96, Lastarria
Santiago, Chile
Com calma, é possível descobrir charmosas ruelas e praças ocultas, prédios revitalizados e galerias de arte modernosas.
É nesse bairro que fica uma espécie de mercadinho antigo com móveis de madeira e objetos que vão desde balanças envelhecidas e vidros de compotas a garrafas de vinho, latinhas de fermento e cereal. Lá dentro, um restaurante bem aconchegante com luz baixa, no qual a parrilla é o grande destaque. São servidas cervejas artesanais, vinhos produzidos na casa e uma enorme variedade carnes exóticas como javali, veado e cervo.
Parrillada Patagónica
Cortes de javali, veado, carneiro e salsicha de cervo com legumes grelhados e salada.
Anota aí:
Sur Patagónico
Calle José Victorino, 96, Lastarria
Santiago, Chile
sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012
Mercado Municipal de Santiago - Chile
Chegamos cedo, praticamente no momento da entrega dos produtos, logo depois do horário de abertura do mercado. As conchas estavam tão frescas que ainda se fechavam ao menor movimento externo, para o delírio dos vendedores, orgulhosos ao ver nossa cara de espanto.
O burburinho e movimento caótico comum a todos os mercados está presente na construção em ferro fundido, inaugurado em 1872. A diferença aqui é a quantidade absurda de espécies de frutos do mar, crustáceos e peixes. A parte central do mercado abriga os restaurantes e as bancas de frutas, legumes e verduras.
Porém, o trunfo do lugar é o frescor dos produtos vendidos, não a quantidade dos restaurantes. Vale mais pela experiência do que pelo sabor dos pratos.
Mistura 2 - Restaurante Richard
Camarão equatoriano, lula, mariscos, ostras, polvo, pinças de caranguejo e centolla (caranguejo gigante).
[ Viram o queijo derretido por cima? Altamente dispensável. ]
Anota aí:
Mercado Municipal de Santiago
Calle San Pablo, 967
Chile
O burburinho e movimento caótico comum a todos os mercados está presente na construção em ferro fundido, inaugurado em 1872. A diferença aqui é a quantidade absurda de espécies de frutos do mar, crustáceos e peixes. A parte central do mercado abriga os restaurantes e as bancas de frutas, legumes e verduras.
Porém, o trunfo do lugar é o frescor dos produtos vendidos, não a quantidade dos restaurantes. Vale mais pela experiência do que pelo sabor dos pratos.
Mistura 2 - Restaurante Richard
Camarão equatoriano, lula, mariscos, ostras, polvo, pinças de caranguejo e centolla (caranguejo gigante).
[ Viram o queijo derretido por cima? Altamente dispensável. ]
Anota aí:
Mercado Municipal de Santiago
Calle San Pablo, 967
Chile
terça-feira, 7 de fevereiro de 2012
Chibchombia – Bogotá, Colômbia
Chibchombia é o nome carinhoso pelo qual muitos colombianos chamam o seu país. No cardápio, a gastronomia nacional é descrita de maneira cheia de ternura:
La riqueza de la cocina colombiana es envidiable, va del páramo al mar y tiene matices tan mágicos como nuestro próprio Macondo.
Quando fomos ao Chibchombia estava sendo celebrado o casamento de dois jovens. A noiva fez um discurso emocionado e chorou compulsivamente quando dois músicos entraram de surpresa cantando canções de amor. Foi absolutamente emocionante. Nos despedimos da Colômbia de forma surpreendente e carregada de afeto.
Empanadas bogotanas
Massa de maíz peto (tipo de milho) recheada com carne desfiada e batata criolla.
Arepa bogotana
Massa cozida de maíz peto recheada de queijo derretido.
Arepa de huevo
Típica arepa caribenha com massa de farinha de máiz peto recheada de galinha "saraivada" acompanhada de creme de leite.
O navegador Galeotto Cei descreve a arepa em seu livro "Viaje y descripcíon de las Índias" (1539-1553):
Hacen otra surte de pan [con el maíz] a modo de tortillas, de un dedo de gruesso, redondas y grandes como un plato a la francesa, o poco más o menos, y las ponen a cocer en una tortera sobre el fuego, untándola con grasa para que no se peguen, volteándolas hasta que estén cocidas por ambos os lados y a esta classe llaman arepas y algunos fecteguas."
Cazuela Caribeña
Espécie de caçarola com vários tipos de mariscos do Caribe ao molho criollo, acompanhada de arroz de coco.
Sobrebarriga assada com molho criollo e batatas.
Anota aí:
Chibchombia
Calle 27, 4A-03, Macarena
Bogotá, Colômbia
La riqueza de la cocina colombiana es envidiable, va del páramo al mar y tiene matices tan mágicos como nuestro próprio Macondo.
Quando fomos ao Chibchombia estava sendo celebrado o casamento de dois jovens. A noiva fez um discurso emocionado e chorou compulsivamente quando dois músicos entraram de surpresa cantando canções de amor. Foi absolutamente emocionante. Nos despedimos da Colômbia de forma surpreendente e carregada de afeto.
Empanadas bogotanas
Massa de maíz peto (tipo de milho) recheada com carne desfiada e batata criolla.
Arepa bogotana
Massa cozida de maíz peto recheada de queijo derretido.
Arepa de huevo
Típica arepa caribenha com massa de farinha de máiz peto recheada de galinha "saraivada" acompanhada de creme de leite.
O navegador Galeotto Cei descreve a arepa em seu livro "Viaje y descripcíon de las Índias" (1539-1553):
Hacen otra surte de pan [con el maíz] a modo de tortillas, de un dedo de gruesso, redondas y grandes como un plato a la francesa, o poco más o menos, y las ponen a cocer en una tortera sobre el fuego, untándola con grasa para que no se peguen, volteándolas hasta que estén cocidas por ambos os lados y a esta classe llaman arepas y algunos fecteguas."
Cazuela Caribeña
Espécie de caçarola com vários tipos de mariscos do Caribe ao molho criollo, acompanhada de arroz de coco.
Sobrebarriga assada com molho criollo e batatas.
Anota aí:
Chibchombia
Calle 27, 4A-03, Macarena
Bogotá, Colômbia
sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012
Oblea - Colômbia
A sobremesa mais comum na Colômbia é a oblea, consumida a qualquer hora do dia em qualquer esquina de Bogotá. É feita basicamente por dois discos de farinha de trigo de 20 centímetros de diâmetro e 1 milímetro de espessura, como um wafer, normalmente recheada com arequipe (doce de leite). Mas em cada uma das barracas de rua o doce é servido com qualquer recheio que se possa imaginar: leite condensado, raspas de chocolate, coco ralado, doce de amora.
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